O Ministério Público denunciou quatro policiais militares
do 9º Baep por duplo homicídio triplamente qualificado, porte ilegal de arma e
fraude processual pela ocorrência que resultou nas mortes de Adeílton Souza da
Silva, de 21 anos, e Richard Miranda Claudino da Silva, de 26, ocorrida em
outubro de 2019, na estância Jockey Clube.
A denúncia foi protocolada na tarde desta sexta-feira,
18, no Fórum de Rio Preto.
A reportagem apurou que o promotor do caso, José Márcio
Rossetto Leite, considerou a investigação realizada pelo delegado Paulo Buchala
Júnior, da DEIC, que concluiu pelo indiciamento do soldado Giovani Fantin
Padovan, dos cabos Célio Cordeiro dos Santos e Daril José Afonso Rita e do
sargento Thiago Trídico pelo crime de homicídio.
Rosetto
entendeu que os quatro pms são responsáveis pelas duas mortes (o que configura
concurso de agentes).
Eles compõem a mesma equipe.
As imagens extraídas de câmeras instaladas em frente ao local dos fatos, segundo a investigação, mostram que os rapazes, ao contrário do narrado pelos policiais, não estavam em fuga quando foram baleados, mas foram tirados de dentro da viatura. Embora a qualidade do vídeo seja questionável, a Polícia Civil defende que as vítimas estavam, ainda, algemadas. E, portanto, desarmadas.
Eles são assassinados simultaneamente em duas “baterias”
de tiros.
Outra descoberta relevante da investigação é que, durante a ação, outras viaturas da Polícia Militar são flagradas passando em frente às câmeras.
No entanto, não foi possível identificá-las.
Buchala havia indiciado os agentes por homicídio mediante
recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Rossetto acrescentou mais duas
qualificadoras: motivação torpe e meio cruel.
Os policiais foram denunciados ainda por porte ilegal de
arma, uma vez que os indícios apontam que estavam com eles o revólver calibre
38 e a pistola ponto 40 que foram encontrados ao lado dos corpos.
Concomitante a isso, os pms respondem também pelo crime
de “Inovar artificiosamente o estado de
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito”,
no que diz respeito à alegação da troca de tiros.
A mulher rendida por quatro homens ao chegar com a
família na Estância Veneza reconheceu apenas Ulisses dos Anjos e Lindomar Viana
como participantes do roubo, por isso não há elementos que confirmem Adeílton e
Richard na ocorrência que resultou na morte dos quatro.
Com relação a Ulisses e Lindomar, que morreram no Corsa
Sedan após o veículo ser interceptado por outra equipe do Baep, o caso foi
arquivado por ausência de indícios de irregularidades.
O promotor foi procurado, mas disse que não iria comentar os termos da denúncia.
Lembre o caso em:
DIG tem imagens que mostram execução de dois dos quatro
mortos pelo Baep
Inquérito conclui que pms executaram suspeitos em confronto