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Terça-Feira, 08 de Maio de 2018 às 11:17

Trio finge ser polícia para apreender droga de traficantes

Vigilantes utilizavam simulacros de pistola, distintivo e carro com sirene para realizar abordagens no João Paulo II e Renascer. Eles foram presos por tráfico de drogas, porte ilegal de arma e usurpação de função pública.

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Uma ocorrência inusitada chamou atenção de policiais da CAEP na tarde desta segunda-feira, em Rio Preto. Passando-se por policiais, três vigilantes foram presos com armas ilegais e drogas tomadas de traficantes.

Uma viatura fazia patrulhamento pelo bairro João Paulo II quando a equipe do tenente Danilo Nunes flagrou o que parecia uma abordagem realizada por policiais à paisana.

"A nossa intenção era dar apoio aos policiais, mas eu estranhei porque não reconheci nenhum dos três", falou o tenente. 

Dois homens armados com pistolas - um deles usando um distintivo no pescoço - estavam revistando três moradores do bairro, enquanto um terceiro "policial" dava cobertura para a ação em um Gol branco. 

"Eles estavam na rua 7 do bairro João Paulo, que é um conhecido ponto de tráfico de drogas. Os abordados eram três menores com suspeita de envolvimento no crime", acrescentou o tenente. Os pms se aproximaram para averiguar a situação mas, para a surpresa da equipe, o motorista tentou fugir, abandonando os dois "companheiros de trabalho" no local da abordagem.

Identificado como Valdomiro Valentim de Paula Neto, de 22 anos, o motorista do carro foi alcançado alguns quarteirões à frente.

Reunidos, Valdomiro, Bruno Sesso, 21 e Paulo José Mariano, 47, todos vigilantes, disseram que agiam como se fossem policiais por admirarem a profissão. Eles realizavam abordagens à traficantes e, inclusive, apreendiam drogas.

O disfarce contava ainda com sirene instalada no veículo Gol, que pertence a Bruno.

Os pms constataram que as pistolas utilizadas por Bruno e Paulo José no momento da abordagem eram na verdade simulacros. No entanto, dentro do carro, a polícia encontrou um revólver calibre 22 com a numeração raspada e municiado com seis cartuchos, mais um simulacro de pistola, quatro celulares, dois coldres, um par de algemas, um cassetete e um rádio comunicador.

No veículo também foram encontradas drogas recém-apreendidas pelo trio de falsos policiais: 12 porções de maconha e seis pinos de cocaína.

Valdomiro assumiu ainda que guardava em sua casa, no bairro Jardim Maracanã, mais drogas apreendidas com traficantes em situações anteriores, o que prova a reincidência do trio na prática criminosa. No imóvel a polícia apreendeu um tijolo de maconha, 24 porções da mesma droga e oito pinos de cocaína.

Presos em flagrante, os três vigilantes fizeram jus ao direito constitucional de permanecer em silêncio. Eles não registram antecedentes criminais.

O tenente chama atenção para o risco que os homens correram:

"Nós, policiais, somos submetidos a intensos treinamentos de abordagem e aproximação de locais perigosos, justamente para não sermos surpreendidos por bandidos. Esses três se expuseram demais e poderiam ter sido mortos caso os traficantes percebessem que eles portavam simulacros de pistolas. Soubemos, inclusive, que eles passaram de carro pelo bairro Renascer com as armas para fora", disse.

Os falsos policiais foram enquadrados por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, mas na audiência de custódia, realizada nesta terça-feira, 08, o juiz incluiu o crime de usurpação de função pública.

O advogado Bruno Barozzi, que representa os vigilantes, disse que vai solicitar a liberdade provisória dos clientes.

"Tendo em vista que todos são réus primários, possuem residência fixa e registro em carteira, a defesa acredita que não há perigo para a ordem pública e não existem os requisitos para a manutenção dos três em cárcere", explicou.

Barozzi ainda solicitou que os presos sejam colocados no "seguro", ou seja, em celas separadas dos presos comuns. Ele teme que os vigilantes sofram represálias de traficantes.

Os três vigilantes foram levados para o Centro de Detenção Provisória.


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