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Quinta-Feira, 09 de Maio de 2019 às 13:56

Pms são acusados de atear fogo em moradores de rua

Casal dormia embaixo de um pontilhão, no centro de Rio Preto, quando foi atacado. A mulher, que está grávida de seis meses, sofreu queimaduras no braço. FOTOS: Joseane Teixeira

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Um casal de moradores de rua compareceu no 3º Distrito Policial de Rio Preto na noite desta quarta-feira, 08, para denunciar três policiais militares por abuso de autoridade.

Segundo o boletim de ocorrência, Ayres Ribeiro, de 37 anos e sua companheira Adriana Gomes, de 39 anos, que está grávida de seis meses, dormiam embaixo do novo viaduto da região central quando foram surpreendidos por três pms de bicicleta que, mediante violência, exigiram que eles saíssem do local.

Adriana Gomes, que faz uso de medicamento controlado, teve dificuldade para se levantar. Os policiais atearam fogo nos pertences das vítimas e as chamas atingiram a gestante, que sofreu queimaduras em um dos braços. Documentos pessoais, mantas, roupas e calçados foram consumidos pelo fogo.

Trecho do boletim de ocorrência diz que “foram agredidos sem saber o motivo e não tiveram tempo para fugir ou se defender”.

A reportagem esteve embaixo do pontilhão e fotografou fuligem e indícios de fogo na parede. As fotos foram apresentadas ao delegado Renato Pupo que, imediatamente, requisitou perícia para o local.

“Por se tratar de moradores de rua, exigi que o depoimento deles fosse colhido durante a elaboração do boletim de ocorrência, porque é um tipo de vítima difícil de ser localizada depois, haja vista não ter endereço fixo. Também expedi requisição para que fizessem exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal”.

Antes de comparecer na delegacia, o casal procurou atendimento médico na Unidade Básica de Saúde da Rua São Paulo, que não realiza atendimento emergencial, mas em virtude da gravidade das queimaduras e da condição da mulher, que está grávida, os enfermeiros medicaram a vítima e fizeram curativo.

Apesar de fazer uso de medicamento controlado, o delegado Pupo afirmou que a mulher estava lúcida e denunciou o crime com riqueza de detalhes.

“O casal está realmente disposto a denunciar. Eles deixaram claro que têm condições de reconhecer os policiais militares envolvidos e que já os viram na Base Móvel que fica no calçadão da cidade", disse.

O delegado também expediu ofício solicitando que a Polícia Militar informe quem eram os policiais militares que estavam trabalhando de bicicleta no horário dos fatos e na região central.

A reportagem tentou localizar as vítimas em vários pontos da cidade, sem sucesso.

Apesar de ter sido registrado no 3º Distrito Policial, o boletim de ocorrência será encaminhado para o 1º Distrito Policial, porque foi constatado posteriormente que a área onde aconteceu o crime pertence à outra delegacia. 


NOTA OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR (enviada às 17h45)

Sobre a solicitação referente à ocorrência do dia 08.05.2019, em que policiais militares teriam ateado fogo em moradores de rua, a  Polícia Militar informa que não foi comunicada formalmente pela Polícia Civil, sendo que os fatos chegaram ao conhecimento por meio da imprensa, nesta data, 09.05.2019.

Logo que tomou conhecimento da notícia, o Comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar do Interior determinou a abertura de procedimento investigatório para apuração dos fatos, e realização de diligências imediatas.

Preliminarmente, já se apurou haver testemunhas da abordagem policial, segundo as quais os fatos teriam ocorrido de forma diversa da relatada pelas supostas vítimas, conforme declarações prestadas em Boletim de Ocorrência da Polícia Militar.

Também já se apurou que o reclamante tem vários antecedentes criminais e que, até o momento, não há indicações de testemunhas que confirmem a versão por ele apresentada, conforme se verifica no Boletim de Ocorrência da Polícia Civil.

As investigações estão em curso e serão complementadas com a coleta de outras provas sobre os fatos.


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