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Quarta-Feira, 02 de Outubro de 2019 às 10:22

Pai que mordeu bebê abandonou tratamento psiquiátrico

Segundo o advogado Mário Guioto, o desempregado Willian Domingos tomava remédios de uso controlado na adolescência. Transtornos mentais foram agravados pelo consumo de cocaína. "Só aceitei o caso por esse motivo, foi um crime bárbaro".

Duração: 03:45

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O advogado Mário Guioto, defensor do desempregado Willian dos Santos Domingos, preso preventivamente por quase ter matado um bebê com mordidas, disse ter documentos médicos que comprovam que o rapaz sofre transtornos psiquiátricos.

O crime aconteceu no dia 13 de setembro, no bairro João Paulo II, em Rio Preto.

A manicure Niqueli Baltazar precisou trabalhar e deixou a filha do casal aos cuidados da sogra, Luciane dos Santos. A avó foi ao supermercado e a neta ficou em casa com o filho. A bebê começou a chorar e, segundo William, ele surtou, mordendo a filha várias vezes. Em estado crítico, a vítima, que tinha apenas um mês de vida, foi socorrida pela avó para a Upa Jaguaré e de lá foi transferida para a UTI do Hospital da Criança, onde permanece internada.

Seis dias após o crime, Willian se apresentou na Delegacia de Defesa da Mulher e foi preso, porque já havia um mandado de prisão contra ele.

O advogado Mário Guioto disse que o rapaz foi diagnosticado ainda criança com distúrbios de comportamento.

"Era hiperativo e violento"

Dos 10 aos 16 anos ele fez uso de medicamentos controlados, indicados para casos de depressão e ansiedade.

Willian teria parado o tratamento por conta própria. Durante visita no Centro de Detenção Provisória, o preso ainda confessou para o advogado que tinha cheirado cocaína no dia do crime.

Guioto disse que vai requerer na Justiça que William seja submetido a exame de insanidade mental.

"Não há explicação para tamanha crueldade senão que esse rapaz tem problemas sérios de saúde. Só por isso eu aceitei o caso. Tenho certeza que o laudo vai dar positivo para insanidade. Se não der, eu abandono a causa", disse.

O advogado afirmou que não vai pedir a liberdade do cliente.

"De forma alguma. Vou solicitar um julgamento adequado para o problema dele e transferência para um hospital de custódia".

Outra novidade no caso é que o juiz da Vara da Infância e Juventude, Evandro Pelarin, determinou que após receber alta médica a bebê seja levada para um abrigo.

"Não estamos seguros em devolver a criança para a família. A mãe será avaliada por assistentes sociais e psicólogos para termos certeza de que essa menina estará em segurança. Enquanto isso ficará acolhida em nossa rede de proteção por tempo indeterminado", explicou.

Willian foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe. Ele está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória da cidade. A delegada Margarete Franco relatou o inquérito na última sexta-feira, 30, indiciando também a mãe de William por autoacusação falsa.

"Ela afirmou que deixou as crianças sozinhas em casa para ir ao supermercado e a filha mais velha da nora, que tem seis anos, teria mordido a bebê. Isso para proteger o filho, Willian. Quando percebeu que seria responsabilizada por abandono de incapaz, acabou confessando o que de fato aconteceu", disse.

A vítima não tem previsão de alta médica, mas já saiu da UTI e está fora de perigo.

Tanto o advogado quanto a delegada são unânimes em dizer que a bebê "é uma sobrevivente".

 

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