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Quinta-Feira, 03 de Dezembro de 2020 às 20:56

Mulher que dopou para matar companheiro é condenada a 16 anos de prisão

Lucimara Luzia Contri disse que vivia sob humilhações diárias e ameaças de morte. Ela alega que ficou cega de um olho após violência doméstica.

Pouco mais de dois anos após a morte do caseiro Juliano Bravalheri, 35, ocorrida em fevereiro de 2018 no sítio em que a vítima morava, a companheira dele, Lucimara Luzia Contri, 36, foi condenada em júri popular a 16 anos de prisão.

O julgamento aconteceu nesta quinta-feira, 3, no Fórum central de Rio Preto.

As investigações realizadas pela DIG apontaram que a mulher, já com a intenção de matar Juliano, dissolveu comprimidos de Diazepan e ofereceu em um copo de café para o homem com quem convivia em união estável há sete anos.

Dopado, o trabalhador rural deixou os serviços do sítio e foi se deitar. Peritos constataram que o homem foi morto à pauladas enquanto dormia.

Lucimara demonstrou premeditação do homicídio ao pensar não apenas em como mataria o companheiro, mas também em estratégias para ludibriar a polícia.

Após atacar Juliano, ela seguiu tranquilamente para a casa dos pais e lá permaneceu até a noite. Familiares disseram que Lucimara tentou ligar para o companheiro diversas vezes, porque segundo ela, Juliano teria prometido buscá-la.

Sem conseguir contato, ainda pediu que um vizinho fosse até o sítio verificar se o marido estava no local. O rapaz viu pela janela do quarto que o caseiro estava deitado e respirando, mas não ligou as luzes, por isso não percebeu o sangue. Ele respondeu à Lucimara que Juliano estava dormindo e que não iria acordá-lo.

A mulher então pediu carona a uma irmã e o cunhado, que também estavam na casa da mãe dela e o casal a levou de carro até o sítio, que faz divisa com o bairro Lealdade.

Foi o cunhado que, na intenção de brincar com Juliano para que ele acordasse, ligou a luz do quarto e se deparou com a cena de terror.

A falta de evidências sobre a presença de estranhos no sítio colocaram a companheira da vítima como principal suspeita do crime. O depoimento de uma testemunha também foi determinante: no dia do assassinato, ela foi pegar leite na propriedade e se deparou com Juliano dopado, ao que o homem disse a ela que Lucimara tinha colocado algo no café dele.

A companheira do caseiro ainda brincou, respondendo que jamais faria isso com ele, tendo beijado a cabeça do homem em seguida. A mulher foi a última a ver Juliano com vida.

Na mira da Polícia Civil, Lucimara admitiu ter encomendado o crime com um desconhecido que abordou quando ele podava árvore no Jardim Americano. A intenção era cotar um serviço de poda para o sítio, mas ao saber que o homem tinha acabado de sair da cadeia após cumprir pena por homicídio, perguntou se ele mataria o companheiro dela. A mulher afirmou não ter combinado um valor para o “serviço”, mas ofereceu uma recompensa quando recebesse a aposentadoria pela morte de Juliano.

O álibi dela nunca foi provado e, para a Polícia Civil, Lucimara matou o companheiro.

A mulher alegou que sofria uma rotina de agressões e humilhações, tendo ficado cega de um olho após ser agredida com um soco. Ela afirmou também que era constantemente ameaçada de morte, porém, nunca compareceu a uma delegacia.

Lucimara foi denunciada por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, meio cruel e recurso que impediu a defesa da vítima. Os jurados aceitaram integralmente a denúncia.


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