Neste domingo, 14, policiais civis da Central de Flagrantes,
policiais militares que apresentavam ocorrência e pessoas que aguardavam atendimento
na sala de espera tiveram contato direto com uma mulher contaminada pela
Covid-19.
Ignorando as orientações médicas de isolamento social, ela
foi à delegacia denunciar o furto de uma bicicleta. Durante o atendimento, a
auxiliar de serviços gerais de 46 anos acabou revelando que estava com pressa
por ter testado positivo para o coronavírus.
Diante da situação, o delegado João Spaca registrou uma
ocorrência de infração de medida sanitária preventiva e a mulher será chamada
no 3º Distrito Policial para prestar declarações.
Segundo o documento, a auxiliar foi na Central de Flagrantes
acompanhada do marido e do filho e permaneceu na sala de espera, junto a outras
pessoas, até ser atendida.
Nesta segunda-feira, 15, a reportagem da CBN telefonou para
a auxiliar, que confirmou ter feito o teste PCR na UBS do bairro Caic.
“Estava sentindo dor no corpo e fui no posto de saúde na quarta-feira.
Fiz o ‘exame do cotonete’ e na sexta-feira saiu o resultado positivo”,
explicou.
Questionada sobre o porquê de ter ido à delegacia
contaminada, a mulher justificou desespero:
“Tentei fazer boletim de ocorrência pela internet e não
consegui. A bicicleta é do meu filho e ele estava chorando, porque é novinha.
Pagamos a segunda parcela agora. Eu agi sem pensar, peço perdão”, disse.
A auxiliar disse não ter recebido orientação na UBS para
ficar em casa, apenas para buscar atendimento caso apresentasse piora no estado
de saúde.
O delegado Silas José dos Santos reflete preocupação com a
ocorrência.
“Enfrentamos um problema sério com falta de efetivo. Se uma
equipe inteira é contaminada, o que vamos fazer? Não temos policiais para
substituir”, lamentou.
Silas garantiu que todos os policiais que tiveram contato
com a mulher serão testados, e desabafou:
“Estou acompanhando a vacinação e ninguém se preocupou com a Polícia. Nós estamos muito expostos, lidando todos os dias, diretamente, com a população, com presos”, finalizou.
Infringir determinação do poder público,
destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, é crime e
prevê detenção que varia de um mês a um ano, além do pagamento de multa.