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Segunda-Feira, 23 de Agosto de 2021 às 11:24

Justiça condena delegado e investigador por falsidade ideológica

Delegado Marcelo Goulart teria pedido a Homero Gorjon para escrever no boletim de ocorrência que um bandido havia fugido da residência que cometeu crime. Na realidade, o preso fugiu da delegacia

Duração: 03:53

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A Justiça condenou à pena de 2 anos e 8 meses de reclusão, em regime inicial fechado, o delegado Marcelo Goulart da Silva pelo crime de falsidade ideológica. Ele teria pedido que o investigador de polícia Homero Gorjon escrevesse em um boletim de ocorrência que um preso havia fugido da residência em praticava o crime de roubo, quando na realidade, o bandido fugiu da própria delegacia. 

A sentença, assinada pela juíza da 1ª Vara Criminal de Rio Preto, Luciana Cochito, também determinou que o investigador fosse condenado pelo mesmo crime. A pena aplicada foi de 2 anos e 4 meses de reclusão em regime inicial aberto, que acabou sendo convertida em prestação de serviços à comunidade por ser réu primário. 

No dia 10 de abril de 2018 um médico acionou a Polícia Militar após notar que a casa dele, localizada no bairro Santa Cruz em Rio Preto, havia sido invadida por um bandido. Em luta corporal com o criminoso, a vítima teve de passar por cirurgia após ter a mão mordida enquanto tentava contê-lo até até a chegada dos policiais. Depois, o ladrão foi colocado na viatura e levado à Central de Flagrantes. 

Na delegacia, o bandido conseguiu fugir. O médico e a esposa aguardavam para o registro da ocorrência quando foram informados pelos policiais que o ladrão, que permaneceu no saguão de atendimento sem algemas, escapou da delegacia ao perceber que não estava sendo monitorado. 

O bandido estava sob vigia de dois policiais miliares. Um justificou que não percebeu o preso se evadir porque estava apresentando a ocorrência dentro da delegacia e pensava que o colega estava no saguão vigiando o bandido. No entanto, o segundo disse que ficou dentro da viatura e achava que o criminoso tinha sido levado para a cela. 

Todo o caso foi denunciado pela rádio CBN que à época conversou com própria vítima. O médico confirmou que o bandido havia fugido de dentro da delegacia e não da residência como constou no boletim de ocorrência. Os militares responderam a processo na Justiça Militar e foram absolvidos por falsidade ideológica, mas condenados pelo crime militar. A Justiça fixou a pena mínima de 3 meses, onde ambos cumpriram trabalhando de forma administrativa. 

No processo consta que o delegado, quanto o investigador, disseram que o erro na descrição da ocorrência foi um equívoco pois havia um fluxo intenso na delegacia. Ambos admitiram que o preso fugiu da Central de Flagrantes, mas que pela confusão saiu 'errado' no documento. 

Procurada, a defesa do delegado Marcelo Goulart, representada pelo advogado Azor Lopes, disse: 

"Respeitamos a decisão da magistrada, mas iremos apelar para o Tribunal de Justiça, porque entendemos que a sentença é injusta, pois o erro de digitação no boletim de ocorrência não falseou os fatos,  já que o delegado de polícia Marcelo determinou o seu envio para a delegacia para instauração de inquérito e, quanto à fuga do assaltante, isso não restou impune, uma vez que logo em seguida ele foi capturado e preso".

A CBN entrou em contato com a defesa do investigador Homero Gorjon, representada pela advogada Eliani Nimer que por meio de nota disse estar analisando a decisão e que vai recorrer dela. 

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