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Quinta-Feira, 17 de Outubro de 2019 às 15:33

Juíza nega adiamento do júri de homicida com cirurgia marcada

Na cadeira de rodas e com as mãos cheias de remédios, Jean Carlos de Oliveira Victor foi preso por policiais do GOE quando passava por atendimento médico no HB. Ele estava foragido há dois anos.

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Um deficiente físico, considerado foragido pelo crime de homicídio, foi preso nesta quinta-feira, 17, por policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE), quando passava por atendimento médico no ambulatório de ortopedia do Hospital de Base.

Na cadeira de rodas e com as mãos cheias de cartelas de analgésicos, Jean Carlos de Oliveira Victor, de 44 anos, foi conduzido para a carceragem da DIG, onde deve permanecer por uma semana. Por coincidência, a prisão acontece a uma semana do Júri Popular que deve decidir a sentença do homem que em 2015 matou um desafeto com um golpe de punhal no coração.

O advogado Eufly Ponchio apresentou à Justiça um documento emitido pelo Hospital de Base onde consta que o réu tem uma cirurgia agenda para a véspera do julgamento, dia 23, e solicitou a mudança na data do júri. O pedido, no entanto, foi indeferido pela juíza da 5ª Vara Criminal, Gláucia Véspoli de Oliveira. Em sua decisão, a magistrada afirmou que “o réu é revel desde o início do processo, desaparecendo logo após o crime. Incontáveis diligências foram feitas buscando a localização, mas ele nunca compareceu ou informou seu endereço nos autos. Em que pese tenha direito de comparecer ao processo a qualquer momento, não há fundamento para redesignar o plenário supondo-se que, desta vez, tenha algum interesse em comparecer ao ato.

Além disso, não há qualquer informação médica de que a programação cirúrgica seja de urgência e não possa ser feita posteriormente. Trata-se de doença em acompanhamento há mais de 10 anos e a marcação da cirurgia foi em 18/01/2018.

Por não ter comparecido aos atos do processo, o mandado de prisão contra o homicida foi expedido em maio de 2017.

 

O crime

Segundo informações do processo, em abril de 2015, Jean Carlos matou o auxiliar de produção José Bento Rodrigues da Silva, de 42 anos, durante um desentendimento motivado por ciúmes. A vítima era ex-marido de sua então companheira. O crime aconteceu no bairro Residencial Caetano, zona norte de Rio Preto.

Bento foi casado por 16 anos com Kenia Cristina Barbosa, e tiveram dois filhos. Segundo familiares que prestaram depoimento no inquérito policial, o casal se separou após uma traição conjugal da mulher, que passou a morar com o réu Jean Carlos. Em menos de seis meses de relacionamento, o homem se mostrou agressivo e ciumento. Apesar da separação, Kenia e o ex-companheiro José Bento continuavam amigos. A vítima até ajudava financeiramente a ex-mulher, em razão dos dois filhos do casal, à época com 16 e 12 anos.

Com medo do namorado, que a proibia até de visitar os pais, Kenia pediu auxílio de José Bento para levar seus pertences, aos poucos, para a casa da mãe dela. No dia do crime, a vítima foi até a casa da ex-sogra para conversar com o filho sobre a compra de material escolar. No local, José Bento e Jean acabaram se encontrando. A vítima revelou a intenção da ex-mulher de se separar do namorado, informação que ela omitia. Por vingança e ciúmes, Jean se armou com um punhal que estava no carro e golpeou no peito o ex-marido da namorada dele. O crime foi testemunhado pelos dois filhos da vítima. Após o homicídio, Jean fugiu de carro e não foi mais encontrado.

Já naquela época, o homicida fazia tratamento contra necrose avascular na cabeça do fêmur, uma doença grave, incapacitante, caracterizada por dor progressiva e degeneração dos ossos do quadril. A cirurgia marcada para a véspera do Júri Popular seria para substituir uma das duas próteses já implantadas no quadril.

Atualmente, Jean Carlos depende de cadeira de rodas ou muletas para se locomover, além do uso recorrente de analgésicos para dor.

Ele será julgado por homicídio duplamente qualificado: por motivo torpe e recurso que impediu defesa da vítima.


Na foto, José Bento Rodrigues da Silva, morto aos 42 anos, em abril de 2015, quando ajudava a ex-mulher a se separar do namorado violento.

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