Um deficiente físico, considerado foragido pelo crime de
homicídio, foi preso nesta quinta-feira, 17, por policiais do Grupo de
Operações Especiais (GOE), quando passava por atendimento médico no ambulatório
de ortopedia do Hospital de Base.
Na cadeira de rodas e com as mãos cheias de cartelas de
analgésicos, Jean Carlos de Oliveira Victor, de 44 anos, foi conduzido para a
carceragem da DIG, onde deve permanecer por uma semana. Por coincidência, a
prisão acontece a uma semana do Júri Popular que deve decidir a sentença do
homem que em 2015 matou um desafeto com um golpe de punhal no coração.
O advogado Eufly Ponchio apresentou à Justiça um
documento emitido pelo Hospital de Base onde consta que o réu tem uma cirurgia
agenda para a véspera do julgamento, dia 23, e solicitou a mudança na data do
júri. O pedido, no entanto, foi indeferido pela juíza da 5ª Vara Criminal, Gláucia
Véspoli de Oliveira. Em sua decisão, a magistrada afirmou que “o réu é revel
desde o início do processo, desaparecendo logo após o crime. Incontáveis
diligências foram feitas buscando a localização, mas ele nunca compareceu ou
informou seu endereço nos autos. Em que pese tenha direito de comparecer ao
processo a qualquer momento, não há fundamento para redesignar o plenário
supondo-se que, desta vez, tenha algum interesse em comparecer ao ato.
Além disso, não há qualquer informação médica de que a programação
cirúrgica seja de urgência e não possa ser feita posteriormente. Trata-se de
doença em acompanhamento há mais de 10 anos e a marcação da
cirurgia foi em 18/01/2018.
Por não ter comparecido aos atos do processo, o mandado
de prisão contra o homicida foi expedido em maio de 2017.
O crime
Segundo informações do processo, em abril de 2015, Jean
Carlos matou o auxiliar de produção José Bento Rodrigues da Silva, de 42 anos,
durante um desentendimento motivado por ciúmes. A vítima era ex-marido de sua
então companheira. O crime aconteceu no bairro Residencial Caetano, zona norte
de Rio Preto.
Bento foi casado por 16 anos com Kenia Cristina Barbosa,
e tiveram dois filhos. Segundo familiares que prestaram depoimento no inquérito
policial, o casal se separou após uma traição conjugal da mulher, que passou a
morar com o réu Jean Carlos. Em menos de seis meses de relacionamento, o homem
se mostrou agressivo e ciumento. Apesar da separação, Kenia e o ex-companheiro
José Bento continuavam amigos. A vítima até ajudava financeiramente a
ex-mulher, em razão dos dois filhos do casal, à época com 16 e 12 anos.
Com medo do namorado, que a proibia até de visitar os
pais, Kenia pediu auxílio de José Bento para levar seus pertences, aos poucos,
para a casa da mãe dela. No dia do crime, a vítima foi até a casa da ex-sogra
para conversar com o filho sobre a compra de material escolar. No local, José
Bento e Jean acabaram se encontrando. A vítima revelou a intenção da ex-mulher
de se separar do namorado, informação que ela omitia. Por vingança e ciúmes,
Jean se armou com um punhal que estava no carro e golpeou no peito o ex-marido
da namorada dele. O crime foi testemunhado pelos dois filhos da vítima. Após o homicídio,
Jean fugiu de carro e não foi mais encontrado.
Já naquela época, o homicida fazia tratamento contra
necrose avascular na cabeça do fêmur, uma doença grave, incapacitante, caracterizada por dor progressiva e degeneração
dos ossos do quadril. A cirurgia marcada para a véspera do Júri Popular seria
para substituir uma das duas próteses já implantadas no quadril.
Atualmente, Jean Carlos
depende de cadeira de rodas ou muletas para se locomover, além do uso
recorrente de analgésicos para dor.
Ele será julgado por homicídio duplamente qualificado: por motivo torpe e recurso que impediu defesa da vítima.