Acompanhado de um advogado, o porteiro Júlio César Boa Sorte, de 51 anos, se apresentou espontaneamente na Delegacia de Defesa da Mulher para prestar declarações sobre a morte de uma idosa ocorrida dentro do apartamento em que ele morava, no Jardim Aroeiras. A vítima, Alda Maria Peres, de 65 anos, estava nua e amarrada à cama.
Julio é investigado em inquérito instaurado para apurar os crimes de cárcere privado e homicídio.
O caso completou um mês nesta terça-feira.
Em sua versão, o homem disse ter acolhido Alda em sua casa por amizade e se comprometido a cuidar dela, que tinha vários problemas de saúde.
Ele explicou que um dia antes de ser encontrada morta, a idosa pediu que ele fosse até a residência onde ela morava buscar medicamentos e peças roupas.
Como Alda, segundo o suspeito, era teimosa e estava debilitada, ele decidiu amarrar uma das mãos dela na cama para que a amiga não fugisse.
Só que, ao invés de voltar para o apartamento, ele decidiu pernoitar na casa de um irmão. E no dia seguinte, soube pelos noticiários que a idosa tinha sido encontrada morta.
Com medo, Júlio afirmou que preferiu se esconder até ser encorajado por familiares a se apresentar.
Diante da falta de evidências sobre a contribuição do morador na morte da idosa, o caso foi encaminhado à Deic e está sob responsabilidade do delegado Fernando Augusto Tedde.
Embora o boletim de ocorrência tenha sido registrado como homicídio, a causa da morte ainda é desconhecida pela Polícia Civil.
“Estamos aguardando o laudo necroscópico, inclusive com análise toxicológica. Não temos até o momento elementos técnicos que indiquem morte violenta, já que não havia lesões no corpo, nem indícios de violência sexual”, explicou.
Também por isso o delegado não pediu a prisão preventiva de Júlio César, que se comprometeu a comparecer na DEIC quando for intimado.
No dia 27 de março, vizinhos sentiram um cheiro forte vindo do apartamento do homem. A música ininterrupta também chamou a atenção dos moradores, que bateram à porta, mas não foram atendidos. Desconfiados, eles telefonaram para o Corpo de Bombeiros.
A porta foi arrombada e revelou um cenário macabro: desordem, sujeira e um cadáver nu, amarrado à cama.
Júlio se mudou do imóvel após o episódio.