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Sexta-Feira, 25 de Novembro de 2016 às 05:30

Homem é morto após furtar saco de milho em trem

Autor dos disparos foi liberado. Foto: Joseane Teixeira

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Um homem foi morto a tiros no final da tarde desta quinta-feira, 24, após furtar um saco de milho de um vagão de trem estacionado no bairro Brejo Alegre, entre Rio Preto e o distrito de Engenheiro Schmitt.

O autor dos disparos é um vigilante de 22 anos, identificado como Lucas Demori. Ele trabalha há sete meses para uma empresa terceirizada que presta serviços para a América Latina Logística - ALL.

Segundo depoimento do funcionário, ele e um colega de trabalho flagraram o desempregado Laélcio dos Anjos, de 29 anos, em cima de um vagão, já na posse de um saco de milho a granel.

Ele foi rendido e permaneceu sob vigilância de Lucas enquanto o outro segurança percorreu os vagões para checar se havia outras pessoas envolvidas no crime. O erro dos funcionários, segundo o delegado Marcelo Parra, foi não ter revistado o suspeito.

Aproveitando-se da distração de Lucas, Laélcio sacou uma faca e tentou golpeá-lo. O segurança revidou atirando três vezes. Dois tiros atingiram o desempregado, um no braço e outro nas costas. Ele caminhou alguns passos até um lamaçal, onde caiu e morreu.

Com base na cena do crime e no depoimento dos envolvidos, o delegado Marcelo Parra entendeu o caso como legítima defesa. Em entrevista exclusiva à CBN ele justificou a decisão.


"Havia uma marca no colete do vigilante provocada por instrumento cortante, o que condiz com o depoimento do autor dos tiros de que ele reagiu após ser surpreendido. A princípio eu tive dúvida com relação a presença da faca na cena do crime, entretanto a própria mulher da vítima disse em depoimento que o companheiro portava essa faca, o que nos deixou em situação mais confortável para decidir que as circunstâncias do crime sejam melhor apuradas em Inquérito Policial, ao invés de simplesmente prender alguém sem uma convicção robusta dos fatos", disse.


Laélcio era usuário de crack e suspeito de furtos anteriores. Jaílson Gomes da Silva, irmão da vítima, disse que em outra ocasião os vigilantes ameaçaram matar o desempregado.


"Eles foram na casa do meu pai, que mora perto dos trilhos, e disseram que iriam matar o meu irmão. Realmente eles cumpriram o que falaram", afirmou.


A morte de Laélcio revoltou a família.


"Não importa que meu irmão estava furtando. O procedimento era chamar a polícia e não matar ele. Usuário de droga tem tratamento. Mataram meu irmão e jogaram ele no rio. Tiraram ele de lá amarrado pelos pés, igual cachorro", falou Jaílson.


O revólver calibre 38 utilizado no crime está regularizado e foi apreendido, assim como o colete do vigilante, a faca e o saco de milho. Para que não restem dúvidas, o delegado solicitou a verificação de impressões digitais na faca.

A vítima deixa quatro filhos. O mais novo ainda em fase de gestação. Laélcio será velado no cemitério municipal de Schmitt.

Após prestar depoimento, o vigilante foi liberado. Os advogados deles não quiseram falar com a reportagem.

De Rio Preto, Joseane Teixeira.

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