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Terça-Feira, 15 de Janeiro de 2019 às 12:43

Gestante de 10 semanas será investigada após ingerir medicamento abortivo

Mãe de dois filhos pequenos e em processo de separação, ela afirmou à polícia que comprou Cytotec pela internet. Aborto é crime e a mulher pode ir a júri popular.

Duração: 04:04

Pode ir a júri popular a mulher de 34 anos que abortou um feto com dois meses e meio de gestação no último domingo, 13.

Moradora do bairro Arroyo, mãe de dois filhos pequenos e em processo de separação, a gestante disse à polícia que comprou pela internet o medicamento abortivo Cytotec, pela quantia de R$ 900. Segundo ela, o companheiro não sabia da gravidez, mas foi o homem quem a socorreu para a Upa Norte, onde foi constatada a morte do feto. Seguindo o protocolo médico, ela foi transferida para a Santa Casa, e a Polícia Militar foi acionada.

O delegado Mauro Truzzi, que também é professor de Direito, explica que a mulher poderia ter sido presa, já que aborto é um crime doloso contra a vida, previsto no artigo 124 do Código Penal.

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O Ministério da Saúde não tem estimativa sobre o número de abortos ilegais registrados no país, faz a contabilidade apenas dos abortos autorizados por lei, que são nos casos de estupro, de fetos anencéfalos ou quando há risco de morte para a gestante.

No entanto, segundo dados do Datasus, em 2017 foram realizados mais de 190 mil procedimentos pós-abortamento. Os números incluem abortos clandestinos e abortos espontâneos.

Segundo o ginecologista Rosires Andrade, presidente da Comissão Nacional Especializada de Violência Sexual e Interrupção Gestacional da Febrasgo, o medicamento Cytotec, utilizado pela gestante de Rio Preto, é utilizado pelos Hospitais em abortos autorizados, mas tem venda proibida nas farmácias. Apesar disso,  o abortivo é facilmente comercializado no mercado clandestino. O especialista alerta para o risco à saúde.

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No ano passado, o Supremo Tribunal Federal convocou audiência pública para discutir a descriminalização do aborto realizado até a 12ª semana de gravidez. O tema ainda não tem data para votação.

Para o ginecologista, a oferta pública de métodos contraceptivos de longa duração é a solução para diminuir o índice de abortos clandestinos.

A reportagem telefonou para a gestante que abortou, mas o telefone dela estava desligado. Já o companheiro dela não atendeu as ligações. A mulher já recebeu alta médica da Santa Casa.

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