Funileiro há seis anos em uma empresa de refrigeração, Marcos Antônio dos Santos Arbelli, de 29 anos, cansou de ser vítima de preconceito racial e decidiu procurar a polícia.
O estopim da indignação aconteceu nesta quarta-feira, 23, após ser xingado pelo gerente de urubu, negro fedido, entre outras ofensas. A vítima gravou as palavras do superior, identificado como José João Marques de Oliveira, e vai apresentar a mídia nesta quinta-feira no 7º Distrito Policial.
Por telefone, Marcos contou à CBN que as ofensas sempre aconteceram em tom de brincadeira, e que não é a primeira vez que foi vítima de racismo no trabalho.
"Uma vez aconteceu de um colega me chamar de macaco, mas ele pediu desculpas. Sempre teve essas brincadeirinhas lá na firma, de chamar os outros de preto, de macaco. Eu sempre deixei claro que não gostava"
As ofensas proferidas pelo gerente foram tão graves que incomodou até mesmo os colegas de trabalho que assistiram a cena. Foram eles que aconselharam Marcos a gravar pelo celular o crime.
"Quando ele começou a me xingar eu não tive reação. Um amigo meu falou 'grava isso aí, Marquinhos. Não deixa ele fazer isso com você não'. Foi quando eu coloquei o celular no bolso da camisa e consegui gravar ele me chamando de urubu"
Mesmo diante da reprovação dos funcionários, o gerente não demonstrou arrependimento.
"Não me pediu desculpas e ainda ameaçou me bater se eu processá-lo. Dessa vez não vou deixar impune. Vai ficar me humilhando na frente dos outros?"
O gerente não foi localizado para comentar o assunto. O dono da empresa de refrigeração está viajando e não tomou conhecimento do caso.
Ofender a dignidade de alguém em razão de sua cor é crime. Prevê reclusão de até três anos e pagamento de multa.
De Rio Preto, Joseane Teixeira.
