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Sexta-Feira, 28 de Dezembro de 2018 às 17:45

"Foi acidental, jamais iria atirar nos animais para matar"

Investigador aposentado, que matou um burro e feriu uma mula em Mirassol, falou com a CBN nesta sexta-feira.

Duração: 03:09

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O investigador aposentado Manoel Parreira, acusado de ter atirado de propósito em um burro e uma mula no último domingo, 23, já prestou depoimento às Polícias Civil e Militar de Mirassol, que investigam denúncia de maus tratos.

Os animais pertencem ao contador Miguel Sanches, 31, vizinho da propriedade rural onde funciona um estande de tiro.

Nesta sexta-feira, 28, Parreira falou com a CBN sobre o ocorrido e se defendeu, dizendo que não tinha a intenção de ferir os animais.

“Foi totalmente acidental. Tava testando uma arma, vi o animal lá embaixo, há mais de cem metros. Pensei: vou dar um susto nele. Não achei que fosse acertar. Não foi assim, vou atirar no animal pra matar, com maldade. Jamais eu ia fazer isso aí”.

Segundo o aposentado, ele manuseava uma pistola calibre 380.

Questionado sobre ter enterrado o burro Corumbá, de sete anos, impedindo o trabalho da perícia, Parreira disse que fez um favor à Miguel.

“Eu que chamei o dono (após os disparos). O dono foi lá comigo. Ele estava transtornado, como eu. Eu tinha um almoço às 11h. Como eu ia deixar o animal morto lá? Perguntei ao Miguel se ele queria que eu enterrasse. Ele não conseguia nem conversar. Fiquei muito chateado porque ele (Miguel) era como um filho pra mim, sou amigo da família dele há 50 anos”.

À CBN, Parreira disse que se comprometeu a comprar outro animal para Miguel e custear o tratamento veterinário da mula Xereta, de 4 anos, baleada.

“Eu vou pagar tudo o que tiver que pagar. Vou comprar um outro animal para o Miguel e devolver tudo o que ele está gastando com a mula. Estou sofrendo tanto quanto ele, porque o animal eu consigo comprar outro, mas nossa amizade vai ser difícil recuperar”, disse.

Já o dono do Corumbá e da Xereta, que eram tratados como animais de estimação, não acredita na hipótese de tiro acidental.

“Como acidental, se matou um animal e feriu o outro? Meu burro era grande, um tiro só não iria derrubá-lo”, questionou.

Xereta, atingida na região do pulmão, se recupera bem na propriedade rural. Segundo Miguel, os veterinários preferiram não extrair a bala porque o deslocamento do animal até o hospital e a cirurgia poderiam causar mais danos do que deixar a bala alojada.

O contador afirma que já gastou cerca de R$ 1300 com medicamentos e que está arquivando todas as notas e comprovantes para ingressar com ação judicial contra o investigador.

Por mensagem de texto, o delegado Mauro Truzzi confirmou que o investigado já foi ouvido e que o próximo passo é colher o depoimento do dono dos animais.

Sobre o dia do crime, o contador explicou que o burro e a mula costumavam invadir a propriedade vizinha, onde funciona um estande de tiro, através de um portão que ficava aberto. Ele estava construindo um “mata-burro” para impedir a passagem dos animais, à pedido do próprio aposentado. Naquela manhã de domingo, segundo Miguel, o vizinho teria se irritado com a presença do Corumbá e da Xereta na propriedade dele e atirou.

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