O investigador aposentado Manoel Parreira, acusado de ter
atirado de propósito em um burro e uma mula no último domingo, 23, já prestou
depoimento às Polícias Civil e Militar de Mirassol, que investigam denúncia de
maus tratos.
Os animais pertencem ao contador Miguel Sanches, 31, vizinho
da propriedade rural onde funciona um estande de tiro.
Nesta sexta-feira, 28, Parreira falou com a CBN sobre o
ocorrido e se defendeu, dizendo que não tinha a intenção de ferir os animais.
“Foi totalmente acidental. Tava testando uma arma, vi o
animal lá embaixo, há mais de cem metros. Pensei: vou dar um susto nele. Não
achei que fosse acertar. Não foi assim, vou atirar no animal pra matar, com
maldade. Jamais eu ia fazer isso aí”.
Segundo o aposentado, ele manuseava uma pistola calibre 380.
Questionado sobre ter enterrado o burro Corumbá, de sete
anos, impedindo o trabalho da perícia, Parreira disse que fez um favor à
Miguel.
“Eu que chamei o dono (após os disparos). O dono foi lá
comigo. Ele estava transtornado, como eu. Eu tinha um almoço às 11h. Como eu ia
deixar o animal morto lá? Perguntei ao Miguel se ele queria que eu enterrasse.
Ele não conseguia nem conversar. Fiquei muito chateado porque ele (Miguel) era
como um filho pra mim, sou amigo da família dele há 50 anos”.
À CBN, Parreira disse que se comprometeu a comprar outro
animal para Miguel e custear o tratamento veterinário da mula Xereta, de 4
anos, baleada.
“Eu vou pagar tudo o que tiver que pagar. Vou comprar um
outro animal para o Miguel e devolver tudo o que ele está gastando com a mula.
Estou sofrendo tanto quanto ele, porque o animal eu consigo comprar outro, mas
nossa amizade vai ser difícil recuperar”, disse.
Já o dono do Corumbá e da Xereta, que eram tratados como
animais de estimação, não acredita na hipótese de tiro acidental.
“Como acidental, se matou um animal e feriu o outro? Meu
burro era grande, um tiro só não iria derrubá-lo”, questionou.
Xereta, atingida na região do pulmão, se recupera bem na
propriedade rural. Segundo Miguel, os veterinários preferiram não extrair a
bala porque o deslocamento do animal até o hospital e a cirurgia poderiam
causar mais danos do que deixar a bala alojada.
O contador afirma que já gastou cerca de R$ 1300 com
medicamentos e que está arquivando todas as notas e comprovantes para ingressar
com ação judicial contra o investigador.
Por mensagem de texto, o delegado Mauro Truzzi confirmou que
o investigado já foi ouvido e que o próximo passo é colher o depoimento do dono
dos animais.
Sobre o dia do crime, o contador explicou que o burro e a
mula costumavam invadir a propriedade vizinha, onde funciona um estande de
tiro, através de um portão que ficava aberto. Ele estava construindo um
“mata-burro” para impedir a passagem dos animais, à pedido do próprio
aposentado. Naquela manhã de domingo, segundo Miguel, o vizinho teria se
irritado com a presença do Corumbá e da Xereta na propriedade dele e atirou.