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Quarta-Feira, 11 de Setembro de 2019 às 12:03

Estagiários de pedagogia serão substituídos por 'cuidadores' na atenção a alunos especiais

A função deles será auxiliar a criança nas necessidades fisiológicas, de mobilidade e alimentação. Pedagoga avalia como retrocesso no processo de inclusão escolar. Sofia, que tem paralisia cerebral, apresentou evoluções com o apoio de estagiária.

Duração: 05:51

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A Secretaria Municipal de Educação está substituindo estagiários de pedagogia no acompanhamento a crianças com necessidades especiais por cuidadores, chamados tecnicamente de acompanhantes de apoio escolar.

O processo de mudança começou no dia 1 de agosto e será gradativo. Segundo a pasta, dos 220 estagiários contratados para ajudar 886 estudantes com deficiência física ou intelectual, 70 já foram remanejados para berçários de escolas de educação infantil.

A novidade revoltou pais como a desempregada Daniele Cristina de Lima, de 35 anos. Ela é mãe da Sofia de Lima Herrera. A criança de 4 anos tem paralisia cerebral cognitiva, que resulta em deficiência intelectual. Foram duas tentativas frustradas de adaptação em escolas municipais até a filha apresentar significativa evolução na escola Cachinhos de Ouro, graças à supervisão de uma estagiária.

(a reportagem sonora contém entrevistas)

Já a gerente de educação especial do município, Erika Volpi, diz que a função dos estagiários de pedagogia nunca foi ensinar as crianças especiais, e sim auxiliar nas necessidades físicas e fisiológicas.

"O serviço continuará sendo oferecido, só estamos mudando a forma de contratação"


Os 220 estagiários que trabalhavam meio período serão substituídos por 100 cuidadores que atuarão em período integral, 44 horas por semana. Eles são contratados pela empresa Gold Care, prestadora de serviços no setor de enfermagem, com sede em São Bernardo do Campo, que venceu licitação no valor de R$ 2,8 milhões por ano.

O valor é maior que o gasto com os estagiários, que recebem bolsa-auxílio de R$ 799,04, mais R$ 102,73 de vale-transporte. Multiplicado o valor por 220 universitários e depois por 12 meses, o montante anual é de R$ 2,3 milhões.

Apesar de um acompanhante de apoio escolar substituir dois estagiários, o valor que ele receberá de salário será menor que duas bolsas-auxílios. A quantia foi estabelecida em R$ 1.200, mais R$ 60 de vale-alimentação. 

A mudança, segundo Erika Volpi, vai agilizar o processo de contratação e aumentar o tempo de permanência dos auxiliares nas escolas, já que o contrato dos estagiários não pode exceder dois anos.

A ideia foi discutida entre a secretária de educação, Sueli Petronília, e uma comissão de educadores.

Para a pedagoga Silvana Guerra, experiente em atenção à estudantes com necessidades especiais, a grade curricular do estagiário de pedagogia o habilita para retransmitir o conteúdo ministrado pelos professores aos alunos com dificuldade de aprendizagem.

"Ele não substitui a autoridade do professor, mas reforça junto ao estudante com deficiência intelectual o conteúdo que a criança ou jovem não consegue acompanhar".

Silvana acredita que um professor não tem condições de transmitir sozinho o cronograma de ensino para crianças independentes e especiais e que a evolução pedagógica dos alunos com dificuldades intelectuais será prejudicada, o que fere o direito de inclusão escolar.

A Educação informou que das 133 escolas municipais da cidade, 92 estão aptas a receber alunos com necessidades especiais. Cada acompanhante de apoio escolar poderá cuidar de até cinco crianças.

 

 

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