Foi durante a pandemia que a professora Jane Belardinuci conseguiu realizar um sonho de infância. Desde pequena, ela queria ter aprendido a andar de bicicleta, mas não pôde ter uma, devido às condições financeiras da família. Depois vieram as obrigações da vida adulta, com uma rotina na qual ela não tinha tempo para quase nada. E foi esse ano que, após incentivo do marido, ela resolveu investir no desejo de criança. Comprou uma bike, aprendeu a andar e relata inúmeros benefícios.
Até mesmo quem já sabia andar manifestou interesse maior pela bicicleta. Caso da analista de sistemas Sabrina Gonçalves. Na infância e adolescência costumava andar, mas nunca tinha feito da bike um esporte. Foi na pandemia que decidiu comprar uma, após se sentir motivada vendo o aumento de pessoas nas ruas praticando o ciclismo, um esporte considerado seguro na pandemia. Agora, todo fim de semana ela e um grupo de amigos percorrem trilhas da região.
"Aos finais de semana a gente já tem reservado que é o 'dia do pedal'. Por um bom tempo essa foi a única atividade permitida, depois passamos por um processo de lockdown e o ciclismo é muito seguro. Depois que você começa, você se apaixona e só quer evoluir nesse esporte".
E quem diria que a paixão pela bike seria a responsável pela escolha de uma profissão? Foi isso que aconteceu com o Roberto Poloni. Na adolescência começou a 'olhar' para a bicicleta de um jeito diferente, por incentivo de dois amigos que praticavam mountain bike, uma modalidade de ciclismo, caracterizada por percursos em terrenos incertos, como também o tipo de bicicleta utilizado para a prática. Depois disso, ele escolheu que seria profissional de educação física e que praticaria para sempre a modalidade.
"A partir daí eu comecei a levar mais para o lado do esporte, antes era só meio de transporte. Eu acho que isso me ajudou bastante porque eu tinha muitos amigos que pedalavam e fiz várias amizades nesse meio. Aos sábados à noite eu dormia cedo porque no domingo de manhã tinha pedal com a turma e foi aí que eu escolhi minha profissão. A bike sempre fez parte da minha vida".
A pandemia trouxe um
aumento no interesse das pessoas pelo ciclismo, o que consequentemente
desencadeou um crescimento nas vendas de bikes. De acordo com dados mais
recentes da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas, o aumento atingiu 50%
na comparação de 2020 com 2019. E nesse ano, com o interesse das pessoas em
alta, o crescimento nas vendas continua.
Quem está no setor, comprova. Guilherme de Souza abriu uma loja de bikes e acessórios de ciclismo no bairro Higienópolis em Rio Preto há pouco mais de 6 meses. Ele afirma que ter aberto o estabelecimento na pandemia só trouxe lucro.
"As vendas aumentaram na pandemia e depois desse último lockdown aumentaram ainda mais. A loja é nova, mas desde que abrimos tivemos um crescimento exponencial. Acreditamos que esse ano será muito bom. Em 2022 também e o mercado deverá continuará aquecido até, mais ou menos, 2023".
Assim como Guilherme, Lucas Roberto de Oliveira, que também tem um comércio de bikes e acessórios em Rio Preto desde 2004, registrou aumento expressivo na venda nos produtos. Mais precisamente de 50% durante a pandemia. Apesar disso, a alta de matéria prima para a produção de bicicletas atrapalhou o crescimento exponencial.
"Junto com a pandemia veio a escassez de matéria-prima, o que fez a produção parar. As empresas que fornecem para gente tiveram dificuldade em montar as bicicletas. Cresceu muitos adeptos na pandemia, mas nem todos que nos procuraram nós conseguimos atender".
O resultado concreto desse descompasso bateu no bolso do consumidor. Nos últimos 12 meses até abril, o preço da bicicleta subiu quase 20%, mas não impediu que os adeptos ao ciclismo deixassem de adquirir uma bike.
O crescente interesse pelo esporte é
incentivado pelos especialistas da saúde. Ajuda o funcionamento do coração,
melhora o condicionamento físico e a saúde como um todo além de reduzir o
estresse, extremamente importante nesse momento de pandemia.