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Segunda-Feira, 08 de Junho de 2020 às 12:27

Devido à pandemia, Museu de Uchoa interrompe pesquisas de campo

Com mais de 600 fósseis encontrados na região e grandes descobertas históricas, o Museu Pedro Candolo parou com as expedições. Funcionários falaram sobre a importância da ciência e sobre a criação de um museu ao ar livre pós-pandemia.

Duração: 03:58

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Enquanto o mundo acompanha um novo capítulo sendo escrito pela pandemia de uma doença ainda inexplicável, do outro lado, parte da história deixou de ganhar novos registros. O Museu de paleontologia Pedro Candolo, precisou interromper, há quase três meses, as pesquisas de campo que contribuem para descobertas de parte do passado.  

Em quase quatro anos de fundação foram mais de 600 fósseis coletados na região noroeste paulista pelos pesquisadores do museu, que é um dos cartões postais da pequena cidade de Uchoa. As expedições foram suspensas porque eram feitas sempre em grupo composto por especialistas. Eles visitavam também propriedades rurais e tinham contato físico com os donos, normalmente idosos. Para evitar contágios de coronavírus, houve a suspensão. 


O paleontólogo Leonardo Páschoa disse que os trabalhos de pesquisas e a possibilidade de novas descobertas estão impactados negativamente. Para ele, cada pesquisa de campo cancelada por conta do coronavírus é uma parte da história que deixa de ser contada: "Sempre é prejudicado o trabalho pelo fato de não podermos coletar. Quanto mais a gente vai a campo, mais propenso a encontrar fósseis a gente está e cada peça é importante para explicar para a humanidade como era o passado. Cada vez que deixamos de ir a campo, deixamos de encontrar algo relevante". 


Além disso, por determinação sanitária, o Museu também precisou interromper as visitações devido à pandemia. Somente no ano passado, foram quase 4 mil visitas de alunos de escolas da região, sem contar outros turistas que passavam pelo local e esporadicamente. 

O diretor de turismo de Uchoa, Luís Gustavo Dalla Dea, disse que nunca imaginou que a cultura seria tão afetada e que o museu tem buscado alternativas. Para driblar a situação e se reinventar no campo cultural, Uchoa vai ganhar, ainda sem data definida, um novo museu, ao ar livre, para que a visitação seja menos arriscada: "Eu digo que vamos ter que nos acostumar com o novo normal daqui para frente. Para isso, temos um planejamento de fazer uma extensão ao ar livre do Museu, expondo estátuas que temos. O projeto é para que a história não fique apenas entre quatro paredes".  

Em meio ao caos da busca incessante pela cura da Covid-19 para que as coisas possam ir se normalizando, o paleontólogo Leonardo Páschoa desabafa e diz que somente em meio à essa pandemia que as pessoas têm começado a perceber a importância de valorizar a ciência, em todas as esferas: "A ciência como um todo sempre foi deixada de lado no Brasil. Agora, com pandemia, ficou claro a importância da ciência e do financiamento para os pesquisadores. Acho que a população ficou esperando uma reposta para a Covid-19, mas a ciência não teve incentivo". 

O Museu Pedro Candolo foi fundado em 2016 e é administrado pela prefeitura juntamente com a associação uchoense de amigos da cultura. As peças encontradas pelos paleontólogos da região já ultrapassaram a importância nacional. Muitas delas, inclusive, foram publicadas em revistas científicas internacionais renomadas. 


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