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Segunda-Feira, 11 de Novembro de 2019 às 12:29

Caso Keweny: Pai correu com a filha nos braços para UBS, mas não havia médico

Na última quarta-feira, uma criança de 2 anos morreu após um televisor cair sobre ela. Keweny Vitória chegou com vida na UBS, que fica a três quarteirões da casa da família. Sem médico, a menina foi transportada no carro da enfermeira.

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A falta de suporte médico no socorro da pequena Keweny Vitória Dantas de Oliveira, de apenas 2 anos de idade, pode ter determinado a morte da criança na última quarta-feira, dia 06.

Após um televisor de tubo cair sobre a vítima, o pai, Bresler Fernando de Oliveira, correu com a filha nos braços até a Unidade Básica de Saúde do bairro Lealdade, que fica a três quarteirões da casa da família.

No entanto, para desespero do homem, segundo o boletim de ocorrência, não havia nenhum médico no posto de saúde. Uma enfermeira, que não foi identificada, colocou Keweny em seu veículo particular e a socorreu para a UPA Jaguaré. Ela deu entrada em parada cardiorrespiratória, que não foi revertida, mesmo com os esforços da equipe médica.

A dona de casa Caroline Midois Dantas, de 25 anos, falou pela primeira vez sobre a morte da única filha.

“Eu estava lavando roupa, meu marido estava muito próximo da nossa filha, mas em três segundos de distração, a Keweny segurou no rack e a TV caiu em cima dela. Eu tentei ligar nos bombeiros, mas o sinal de celular aqui é muito ruim e o atendente não me ouvia direito. A gente correu na rua, pedindo socorro, mas nenhum vizinho saiu pra nos ajudar”, disse.

Sem veículo próprio, o pai pegou Keweny no colo e correu a pé em busca do local mais próximo onde deveria haver um médico que pudesse prestar os primeiros socorros.

“Ela estava com sangramento na boca e no nariz. Sei que a situação era grave, mas pensar que ela tinha uma chance de sobrevivência e não encontramos um médico numa unidade de saúde me causa muito sofrimento”, disse.

Segundo Caroline, ela e o marido aguardaram mais de uma hora na UPA até que os médicos dessem a notícia da morte da filha. “Disseram que estavam tentando de tudo para tentar reanima-la”, lembrou.

O televisor era três vezes mais pesado que a criança. Tinha 38 quilos e Keweny, 11.

Nesta segunda-feira, 11, a mãe voltou na UBS para pedir explicações.

“A gerente da unidade me disse que um médico estava fazendo curso e outro fazia atendimento domiciliar. Perguntei se os enfermeiros não poderiam reanimar minha filha, ela disse que eles não têm autorização”, explicou.

O caso foi registrado como morte acidental. Um inquérito foi instaurado pelo delegado Renato Pupo para investigar as circunstâncias que determinaram o óbito da criança.


Secretaria Municipal de Saúde - nota recebida às 10:45 de terça-feira, 12.

Em resposta à solicitação da Rádio CBN à cerca da morte da menor Keweny Vitória Dantas, atendida no dia 6/11/2019, na UBS Lealdade e Amizade, informamos que, conforme rotina desta Secretaria, em casos que envolvem morte, o ocorrido foi encaminhado para apuração dos fatos.
Em tempo, informamos que quando a criança deu entrada na unidade, havia médico na mesma, que havia retornado de visita domiciliar.
Esclarecemos ainda que todas as UBS do município possuem profissionais, médicos e não médicos, capacitados para o atendimento de emergência.

Fabiana Melo
Secretaria Municipal de Saúde – Saúde do Adulto - Atenção Básica (DAB)


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