♪ A reportagem sonora contém entrevistas.
O motoboy André Luis de Oliveira, de 38 anos, assassino
confesso da jovem Dayra Nogueira, já registrava histórico de violência e
perseguição a mulheres.
Em 2008, ele foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão por
tentativa de homicídio contra Letícia que, na época, tinha 21 anos.
A obsessão pela vítima começou no ano anterior. A jovem
trabalhava em uma agência de mototáxi no Jardim Urano, onde Índio frequentava.
Em pouco tempo, o homem se tornou próximo da família e amigos e passou a
apresentar comportamento doentio e controlador. Assustada com o assédio, Letícia
decidiu se afastar e André Luis passou a reagir com violência à rejeição
sofrida.
Em novembro de 2007, ele invadiu a casa de Joana, no bairro
Vila Maceno, atrás de Letícia.
A mulher, que na ocasião tinha 27 anos, foi proteger a
amiga e acabou figurando como primeira vítima de Índio nos arquivos policiais.
Vizinhos ouviram gritos de socorro e Índio fugiu. Um boletim
de ocorrência foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher como lesão
corporal.
No ano seguinte, Letícia passou por situação semelhante à
que Dayra sofreu. Ela andava pelo bairro quando Índio a abordou armado e
obrigou a jovem a subir na moto. Segundo a vítima, ele a transportou pela
rodovia Assis Chateaubriand.
Quando a Polícia Militar chegou, Índio já tinha escondido a
arma. Ele negou as ameaças e disse que era namorado de Letícia, por isso acabou
sendo liberado, mas no dia seguinte cumpriu a promessa: invadiu a casa da jovem e atirou contra ela, mas os disparos não acertaram. Ele foi preso uma semana depois.
O mesmo comportamento doentio foi percebido pelos amigos de
Dayra, que tentaram afastá-la de Índio.
"A gente saía escondido, mas ele sempre aparecia onde nós estávamos. Ele era pegajoso e estranho"
No dia em que foi morta, Dayra tinha dito a amigos que
estava indo com Índio para Catanduva. Durante o trajeto de moto pela rodovia
Washington Luís, o criminoso mudou a rota e entrou na Vicinal Roberto Mário
Perosa, onde, segundo a delegada Cristina Santana, a jovem foi morta.
Durante a apuração sobre as vítimas do homem, a reportagem
também descobriu outro hábito peculiar do criminoso, assistir mulheres tomando
banho. Em julho, Marta, que mora no Sinibaldi, flagrou o homem em seu quintal.
Como aconteceu em outras abordagens, Índio mentiu aos
policiais, dizendo que tinha ido levar um dinheiro para a mulher. Marta, com
medo, não registrou boletim de ocorrência.
As vítimas descrevem o motoboy André Luis como extremamente
inteligente dissimulado.
Um detalhe chama atenção no perfil das mulheres: todas são
lésbicas.
Para o psiquiatra Ururahy Barroso, o criminoso apresenta indícios de psicopatia.
"Certamente se vinga nesse perfil de vítima algum trauma não superado."
Além dos crimes contra mulheres, André Luis de Oliveira
registra antecedentes por tráfico de drogas, estelionato, posse de arma, roubo,
extorsão , associação criminosa e furto qualificado.
Ele foi condenado seis vezes e a somatória das penas
aplicadas é de 10 anos. O último crime
registrado foi em março do ano passado quando, em situação de rua, tentou
invadir um hotel de São Paulo para furtar. Ele foi preso em flagrante e, em 20
de fevereiro deste ano, beneficiado com liberdade condicional.
Este é o terceiro feminicídio registrado esse ano em Rio Preto, mas poderiam ser 10, porque sete mulheres só não foram mortas por circunstâncias alheias à vontade de seus algozes.