O entregador André Luís de Oliveira,
assassino confesso da jovem Daira Nogueira, foi denunciado por homicídio
triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
A denúncia, feita pelo promotor Eli
Roberto Buchala, foi aceita pelo juiz Alceu Correa Júnior. O processo tramita
pela comarca de Catanduva, porque o crime aconteceu em Ibirá.
A vítima, que era assumidamente homossexual,
mantinha relação de amizade com André, conhecido como Índio. Testemunhas
ouvidas na Delegacia de Defesa da Mulher, em Rio Preto, disseram que Daira
tinha pena do homem, por ser sozinho e egresso do sistema prisional. Eles
também chamaram atenção para a relação de submissão de Índio, que levava e
buscava a jovem todos os dias no trabalho, entregava almoço e emprestava
dinheiro para ela. Todos eles alertaram Daira para o comportamento do amigo,
que parecia doentio e persecutório, mas ela ignorou os apelos e demonstrava
confiar no homem.
Daira foi morta em seu dia de folga
do trabalho, em 9 de setembro. Índio afirmou que naquele dia, teve uma
discussão com a jovem e foi agredido com um tapa no rosto.
Em interrogatório, o homem, que já
registrava histórico de assédio e violência contra mulheres, afirmou que pegou
um revólver calibre 32 na casa de uma pessoa e, fingindo ter perdoado a
agressão, chamou Daira para ir com ele de moto até Catanduva. No meio do
trajeto, ele entrou em uma estrada de terra, pediu para Daira descer da moto e
atirou no rosto dela. Laudo necroscópico aponta que o disparo atingiu o olho
esquerdo da vítima.
Após matar a jovem, Índio retomou a
rotina como entregador, mas fugiu quando descobriu que figurava como suspeito
do crime. Ele foi preso três dias depois, em Penápolis. Segundo o criminoso,
ele estava fugindo para o Paraguai.
Para o promotor Eli, o homem
premeditou o crime. Ele entendeu que André matou Daira por motivo fútil, com
dissimulação por abuso de confiança e em razão do sexo feminino.
Índio aguarda julgamento na
penitenciária de Florínea, considerada “segura” para estupradores, travestis e
assassinos de mulheres. Segundo advogados consultados pela reportagem, nesta
unidade, localizada há 300 km de Rio Preto, não entram integrantes do PCC, declaradamente
intolerantes a estupradores.
O assassino ainda não designou defensor
e deverá ser representado pela Defensoria Pública.