A notícia sobre o acidente do músico Bruno Foca, ocorrido no último sábado, 1, assustou muitos amigos, mas também mobilizou uma rede de solidariedade que surpreendeu até mesmo a equipe do Hemocentro de Rio Preto.
Em apenas três dias (segunda, terça e quarta-feira), 158 pessoas compareceram no núcleo de captação para doar sangue em nome de “Bruno Daniel Moreira”. Uma média de 52 doadores por dia, num local que funciona apenas no período da manhã.
Para se ter uma ideia do que representa a demanda, no Hemocentro de Rio Preto é possível captar sangue de sete doadores simultaneamente. O que significa dizer que, nos três dias, foram realizadas sete “rodadas” de doação para atender somente os amigos do Foca.
Bárbara Cabrera, enfermeira responsável pelo setor de captação, explica que toda vez que um paciente necessita de bolsas de sangue, a equipe médica pede a reposição dos estoques. A atitude não é obrigatória, mas uma "boa ação" em prol dos próximos pacientes.
“O Bruno precisou de várias transfusões e foi beneficiado por pessoas que ele não conhece, que disponibilizaram alguns minutos do seu dia para doar sangue antes mesmo que ele sofresse o acidente. Então o que a gente pede sempre aos familiares é que dêem continuidade a essa corrente do bem, afinal, nós poderemos ser os próximos a precisar”, disse.
O Hemocentro de Rio Preto abastece 36 unidades de saúde de Rio Preto e região e possibilita que sejam realizadas aproximadamente seis mil transfusões por mês.
Cada bolsa de sangue pode beneficiar até três pessoas, o que significa dizer que cerca de 470 pacientes podem ser beneficiados pelo “mutirão do Foca”.
Luis Antônio Patolôco fez questão de ajudar
Mas a rede de solidariedade não se restringe apenas às doações de sangue. Amigos do músico organizaram uma “vakinha virtual” para arrecadar R$ 20 mil que serão utilizados para a compra de medicamentos, equipamentos e adaptação da casa onde ele mora, já que Foca teve a perna esquerda amputada.
A mãe dele, Sandra Moreno, contou que apesar do estado delicado, a recuperação de Bruno é positiva.
“Os médicos me disseram que vão diminuir a sedação para retirá-lo da intubação. A pressão arterial estabilizou, os rins e pulmões estão funcionando perfeitamente. A preocupação é com uma infecção, em decorrência da amputação”, explicou.
No dia do acidente, Bruno voltava da casa da avó. Sandra acredita que a colisão do Fusca com o poste, na avenida Philadelpho, tenha sido ocasionada por problemas nos freios. Apesar da violência do impacto, Foca permaneceu consciente.
Fusca ficou destruído
“Um anjo chamado César ouviu o barulho e correu para socorrer meu filho. Ele rasgou a própria camiseta e estancou o ferimento na perna do Bruno. Não fosse ele, meu filho teria morrido ainda no local do acidente. Ele chorava muito e pedia para me avisarem”.
Foca chegou acordado no Hospital de Base, mas sofreu uma parada cardíaca e foi levado direto para o centro cirúrgico.
Ele apresentava graves ferimentos nas pernas, mas em virtude da grande perda de sangue, os médicos consideraram que o paciente não resistiria à cirurgia e optaram pela amputação do membro inferior esquerdo.
“Eles tinham que decidir entre a vida ou uma perna, escolheram a vida. Pelo que conheço meu filho, vai ser um baque. Mas ele vai entender”.
Já a fratura na perna direita foi corrigida e imobilizada com gaiola.
Sandra se emociona ao falar do apoio que tem recebido dos amigos de Foca.
“Eu sempre soube que meu filho era querido, mas não sabia que era tanto. Meu coração é só gratidão. Pelo César, que eu quero muito conhecer, pelos amigos que doaram sangue, por todos que estão orando por ele”.
No domingo, 9, um ônibus fretado vai sair de Ibirá com 40 pessoas que se inscreveram para doar sangue em nome de Bruno.
Até o fechamento desta reportagem, a vakinha virtual arrecadou R$ 3.855. É possível doar qualquer quantia através de boleto, cartão de crédito ou transferência bancária pelo link:
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/forca-foca
Serviço
O Hemocentro de Rio Preto fica na rua Jamil Feres Kfouri, nº 80, atrás do Hospital de Base.
Funcionada todos os dias, inclusive domingos e feriados, das 7h às 13h.
Para doar sangue, basta fazer jejum de bebida alcoólica por 12 horas, evitar alimentação gordurosa antes do procedimento e estar em boa saúde.
Pessoas que tiveram contato com alguém infectado por Covid-19 devem esperar 15 dias e não podem apresentar sintomas da doença. Já pacientes curados só podem doar sangue 30 dias após a alta médica.