Teve início hoje, no Senado, o ato final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O destino da presidente está praticamente traçado e é muito difícil, praticamente impossível, que ela consiga manter seu mandato. Nem mesmo seus mais fiéis aliados acreditam que sua ida ao Senado, na próxima segunda-feira, seja capaz de obter os votos necessários para que permaneça no cargo. O processo foi longo e doloroso para o País. Teve início no ano passado, quando o então presidente da Câmara Eduardo Cunha aceitou a denúncia contra Dilma. Desde então, o processo passou pela Câmara, subiu para o Senado e terá o seu desfecho na próxima semana. Só mesmo o tempo e a história dirão se Dilma deveria ser cassada por conta das famosas pedaladas fiscais. Mas a verdade é que ela não vai perder o mandato devido a essas traquitanas que são cometidas em todas as esferas de poder há tempos. Dilma sofrerá o impeachment por conta de outros dois fatores: a crise econômica e a crise política. As irresponsabilidades fiscais do primeiro mandato de Dilma, com aumento abusivo nos gastos públicos, fizeram o País entrar em convulsão e mergulhar numa crise sem precedentes a partir já do ano passado. Demissões em massa e fábricas fechando as portas foram os principais efeitos dessa política econômica danosa. No setor político a desenvoltura da presidente não foi menos desastrada. Ela conseguiu a façanha de, passo a passo, perder a frágil base no Congresso que ainda mantinha sua governabilidade. Seu vice Michel Temer percebeu a fraqueza de Dilma e deu sinal verde para o PMDB, até então governo, se aliar à oposição e sepultar o mandato da presidente. Em que pese todo o oportunismo de Temer, que mudou de barco assim que percebeu os buracos na proa, a verdade é que Dilma paga agora por seus próprios erros econômicos e políticos. Tentou, neste período em que esteve afastada, mobilizar alguns setores da população para bradarem contra o que ela chama de golpe. Mas lhe falta carisma e, acima de tudo, crédito com a população que tanto vem pagando por seus erros na condução do País. Só um milagre salvaria o mandato de Dilma. E a presidente, comunista na sua juventude, parece ser uma mulher de pouca fé.
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Momento da Política
Henrique Casseb e Araré Carvalho
Quinta-Feira, 25 de Agosto de 2016 às 13:12
O ato final
Senado iniciou hoje etapa final do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Só um milagre para lá de improvável pode salvar seu mandato.
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