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Sexta-Feira, 23 de Julho de 2021 às 11:25

Semestre recordista: pela 1ª vez, Rio Preto registra mais mortes do que nascimentos

Recorde é em um período de 18 anos. Segundo dados da Arpen foram 3.321 óbitos até o fim do mês de junho contra 2.882 nascimentos. Associação atribui aos efeitos da pandemia, mas especialista acredita que outros fatores são determinantes

Duração: 03:51

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Foto: Divulgação

O primeiro semestre de 2021 foi o período em que houve mais mortes do que nascimentos em Rio Preto desde 2003, quando a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo começou a realizar os levantamentos com base em pesquisas feitas pelo IBGE.

Os cartórios do município registraram 3.321 óbitos até o fim do mês de junho. O número, que já é o maior em um primeiro semestre, é 77,9% superior que os ocorridos no mesmo período do ano passado, quando a pandemia já existia há 4 meses. Com a relação aos primeiros seis meses de 2019, ano anterior à chegada da Covid-19, o aumento no número de mortes foi de 77,3%. 

O que chama atenção é a queda na natalidade. Até o final do mês de junho foram registrados 2.882 nascimentos, número 4,5% menor que a média de nascidos na cidade desde 2003, e 7,9% menor que no ano passado. Com relação à 2019, o número de nascimentos caiu 14,4% em Rio Preto. 

Para a diretoria de Comunicação da Arpen, Andréia Gagliardi a inversão demográfica aconteceu por causa da pandemia. 

“Nossa percepção é que as duas estatísticas estão relacionadas à pandemia. O padrão é sempre termos mais nascimentos do que óbitos. Pela primeira vez identificamos que os cartórios registraram números opostos”. 

A professora Jaqueline Parra, de 34 anos, é um exemplo de mamães que desistiram de ter filho por agora. Ela e o marido estão casados há 4 anos e sempre quiseram ser pais. Já existia aquela insegurança em por uma criança no mundo, mas a pandemia contribuiu para a desistência.

“Primeiro filho e aquele medo. A gente pensa como que vai ser o futuro porque quer dar o melhor para a criança. E aí vai adiando os planos. Quando eu e meu marido estávamos ‘preparados’ para isso, veio a pandemia. Ficamos com muito medo e com certeza adiou ainda mais”.  

Na análise do professor e cientista social Leonardo Stefano é precoce atribuir os números somente à pandemia. O especialista afirma que a queda na taxa de natalidade, por exemplo, vem se sobressaindo por um efeito histórico-natural diversos países. Mas os fatores que determinantes na redução seriam outros.

“De alguns anos para cá, as taxas de natalidade vêm sofrendo queda, principalmente nos países desenvolvidos e emergentes como o Brasil. Entre os principais fatores estão o processo de urbanização, o aumento no acesso a informações sobre métodos contraceptivos, destaque para as mulheres no mercado de trabalho e consequentemente os casais estão deixando para ter filhos mais tarde. É cedo para afirmar que há uma relação direta entre a pandemia e a queda na taxa de natalidade, mas é um aspecto que deve ser levado em conta nos próximos estudos e pesquisas”. 

O período pós-pandemia, que às vezes parece próximo e outras ainda distante, poderá indicar com mais precisão quais fatores predominaram para as estatísticas recordes. 


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