Reportagem da CBN apurou que adolescentes estão se drogando com antirrespingo de solda, produto químico à base de solventes. Foto: Fabiano Maia
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Nesta semana policiais civis estiveram em uma escola estadual da zona norte de Rio Preto onde um adolescente foi detido com um frasco
contendo líquido e uma lata spray de antirrespingo de solda. A denúncia é que o menor portava lança-perfume, mas trata-se, na verdade, de um concorrente da droga, bem mais barato e agressivo, conhecido como loló.
O consumo dessa substância se popularizou nas baladas da cidade, como relata uma garota de 16 anos.
"Tem segurança na entrada, mas entra do mesmo jeito. Eu experimentei através de uma amiga minha, que me ofereceu. Depois que prova é difícil parar. O corpo adormece, você fica em pé, com olho aberto, mas não enxerga nada. É como se você não estivesse ali", explica.
Um rapaz ouvido pela CBN também confirma como é fácil comprar a droga
"É como carne de vaca, todo lugar tem. Eu não só usava como vendia. Comprava facilmente nas lojas de materiais de construção. O produto custa de R$ 15 até R$ 22.
O loló é inalado em latinhas de alumínio. A substância é colocada no recipiente vazio e choacoalhada para produzir um vapor.
Outro jovem entrevistado pela CBN relata que também experimentou o loló quando era adolescente.
"Estava curtindo o ano novo na represa quando vi uns caras 'baforando' uma latinha. Fiquei curioso e pedi para experimentar. Aí comecei a produzir a droga em casa mesmo. É fácil: fura o fundo da lata de spray antirrespingo de solda sem silicone, coloca num recipiente e mistura com soro fisiológico e essência de algum sabor, pra dar gosto. Só deixar descansar um pouco e depois põe nas latinhas para consumir".
Os três jovens entrevistados relatam que já presenciaram pessoas desmaiarem após o consumo da droga.
Gisela Moreira, farmacêutica do centro de assistência toxicológica do Hospital de Base, explica que os efeitos do antirrespingo são devastadores e podem provocar a morte de quem consome.
"O antirrespingo é um produto industrial extremamente tóxico e corrosivo, tanto que trabalhadores da indústria precisam utilizar equipamentos de proteção para evitar exposição à substância. O líquido tem sim efeitos alucinógenos, mas pode provocar dor de cabeça, tontura, sonolência, e depressão respiratória que pode levar o paciente ao estado de coma.
O delegado Jairo Garcia Pereira atendeu o adolescente flagrado na escola com o antirrespingo de solda. Ele registrou o caso como posse de droga para consumo pessoal. Mas quem vende a lata de spray também pode ser responsabilizado com base no artigo 243 do Estatuto da
Criança e do Adolescente: Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica. Pena - detenção de dois a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
"Não descarto também a possibilidade de enquadrar o comerciante no crime de lesão corporal", conclui o delegado.